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Para pensar na transição de carreira

Mais cedo ou mais tarde, todos encaramos aquela segunda fase da vida profissional, onde se deixa de pensar apenas no dinheiro. Passa-se a focar mais na qualidade de vida, que, geralmente, fica em segundo plano até determinada idade em que começamos a questionar nosso propósito neste mundo. A esta etapa costuma-se chamar de “Plano B”, nome que não considero adequado. Afinal, o novo ciclo que vem não é, nem pode ser tratado como se fosse uma saída honrosa para algo que saiu errado.  Prefiro usar a expressão “Plano de Transição de Carreira”.

Mas qual é o momento em que devemos pensar nele?

Você certamente escuta com frequência a moderna cantilena de que o mercado cada vez mais valoriza o profissional experiente, já com idade mais avançada. A realidade das empresas, no entanto, tem alguns outros fatores de limitação como a redução dos custos, a necessidade de inovar sempre e de buscar o máximo de eficiência em um ambiente cada vez mais competitivo, lidando com a crescente escassez de recursos. Falando sem rodeios: um profissional ao redor dos 50 anos de idade, por mais que seja experiente, poderoso ou fundamental para a fluência das operações, tem contra si o fato de ser caro e não necessariamente representar a mudança e inovação com novas cabeças e ideias. Não quero, sob hipótese alguma, dizer que este profissional é retrógrado, resistente ou sem energia por ter passado dos 50 anos. Mas as empresas se renovam com a mudança das pessoas nos cargos de decisão. Surgem novos líderes, muitas vezes com a incumbência de promover transformações rápidas e doloridas nas corporações. Normalmente, é nestes processos que ocorre grande parte das rupturas nas carreiras, especialmente para quem já não é tão jovem e acumula salários e benefícios de longa data.

Em primeiro lugar, é preciso entender que a vida como funcionário de empresas tem início, meio e fim. Você começa como estagiário, trainee, aprendiz ou auxiliar, mesmo em empresas descoladas, desprovidas de hierarquias mais rígidas. Você cresce, galga postos ou amplia poderes, e junto vem o crescimento financeiro. Pode até cansar de um lugar, confiar em seu valor de mercado e sair para outra empresa, possivelmente alavancando cargo e salário. E assim segue a vida. Independentemente do posto que alcança, você ganha mais, comanda departamentos e equipes, e desfruta de uma enorme sensação de poder. Até que ocorre a mudança. Um belo dia, você é chamado por seu gestor, muitas vezes apenas pelo RH, e escuta: “Agradecemos muito sua valiosíssima contribuição durante todos estes anos, mas nesta restruturação não há espaço para você.” Numa inútil tentativa de reverter o irreversível, até lembra ao gestor ou ao representante do RH que você acabara de receber a medalha da empresa pelos anos de serviços prestados. Você se dá conta, então, de que a situação já andava insustentável há algum tempo, mas achava que não era ainda o momento de tomar alguma atitude. Lembro-me de um caso em uma empresa em que trabalhei onde um colega em torno dos 55 anos de idade recebera com surpresa sua demissão. Perguntei se ele não imaginava que aquilo estava por acontecer: “Eu sabia que iria acontecer, mas planejava ficar pelo menos mais uns dois anos para sair.” Mal lembrava meu colega que, mais de um ano e meio antes daquele dia, eu fizera a mesma pergunta, e a resposta havia sido idêntica: “Dois anos...”  Que prazo de dois anos era aquele que já durava praticamente quatro? Será que de fato acreditava no período que ele mesmo havia estabelecido?

Por mais que você receba seus direitos financeiros na demissão, a situação provoca um abalo na autoestima. Em um estalar de dedos, perde seu poder, cartão corporativo, seguro-saúde, vale-refeição, o status de pertencer àquela instituição. Abandona tudo para retornar a um mundo que você havia deixado para trás há muitos anos. Nesta hora você perde o chão, o teto, e as paredes também. Fica nu em um deserto. 

Para jogadores de futebol, por exemplo, a noção deste tempo é mais clara. Craques nacionais e internacionais costumam ter de 18 a 25 anos. Alguns raros que podem atingir o status de “mitos” permanecem até uns 35 anos. Após esta idade, precisam sair com dignidade e buscar atividades onde possam transmitir aos mais jovens o que aprenderam com a vida. Tornam-se então comentaristas, técnicos, fomentadores de talentos, ativistas da inserção social através do esporte, e assim por diante. O que faz com que os profissionais do meio corporativo não consigam ter esta mesma percepção?

Em meu escritório onde exerço a profissão de Coach Corporativo e de Carreira, inúmeras pessoas que buscam esta transição o fazem em dois momentos: quando estão em idade muito avançada, ou quando não suportam mais o que fazem. Em ambas as situações há o agravante de precisarem lidar com o pessimismo e a ansiedade. A vontade de jogar tudo para o alto é tão grande, que mal percebem que, por conta disto, correm o sério risco de abrir mão do que conquistaram até então em suas carreiras. Conheço muitos casos em que a saída foi abrupta e bastante traumática – alguns por ter sido inesperada, outros por terem chegado ao limite do suportável, não raro sofrendo de graves problemas de saúde. Há ainda aqueles que sucumbiram à raiva ou ao orgulho ferido. Com muita frequência, essa atitude é seguida de arrependimento por terem deixado para trás uma oportunidade de haver passado pelo processo com mais tranquilidade, pactuado a saída de maneira mais vantajosa, planejado melhor ou até esperado um pouquinho mais.

Pois eu sinceramente acho que é no momento em que as coisas andam bem que se deve começar a pensar no que fazer depois. Não sou adepto do popular dito “Não se mexe em time que está ganhando”.  A armadilha é a tão comentada e pouco compreendida “Zona de Conforto”. A palavra “conforto” costuma lembrar algo como um sofá macio em ambiente perfeitamente climatizado. Ninguém imagina estar nesta situação, tanto que a reação mais comum que ouço – aliás, muito justa, é: “Como pode dizer que estou na Zona de Conforto se trabalho tanto e nem tenho tempo para mim?”. Perfeito! Só que aqui há, sim, o conforto da linha reta, da direção conhecida, ou, o que é mais duro de escutar, da direção previamente estabelecida por alguém. Na empresa é assim. Você pode ser criador, inovador, ousado, mas precisa seguir o que é solicitado e permanecer dentro das linhas estabelecidas e acordadas pelos sócios, pela matriz, pelos acionistas, pela família. Portanto, entendo que deixar a Zona de Conforto significa sair sozinho da estrada, derrubar o muro, saltar do trampolim – uma transformação mais radical, tomando definitivamente as rédeas de sua própria vida.

Por isto é tão difícil partir para a ação quando se está no auge profissional. Mas basta seguir um passo de cada vez. É possível e pode até tornar-se divertido quando é feito com consciência e tempo. 

É comum as pessoas recomendarem começar com uma planilha de gastos e reservas financeiras. Eu não sou partidário disto. Em um cenário ideal, a tal planilha deveria estar sempre pronta e constantemente atualizada para quase todos, excetuando os raros que têm a estabilidade garantida por lei. Para o dia a dia da maioria de nós, começar a transição pela planilha tende a agregar muito mais ansiedade ao processo. O foco exclusivamente financeiro, que provavelmente vinha sendo o regente de todas as decisões de vida, permanece no comando, não abrindo o espaço necessário para a transformação que se busca.

Eu proporia, como um primeiro passo, fazer um trabalho de autoconhecimento para entender o que o atrai nesta vida. Por que tipos de atividades você é seduzido? Quais momentos do seu dia a dia em seu atual trabalho fazem brilhar seus olhos? São as pessoas? É o aprofundamento no conhecimento? É a pesquisa? Você gosta de se apresentar em público? Satisfaz-se quando faz com que as pessoas se engajem em suas ideias? Organização e planejamento dão vontade de fazer mais e mais? Tenho percebido em meus atendimentos que este é o momento mais produtivo para trabalhar essa questão em Coaching. Mas conheço também casos de sucesso de pessoas que passaram por Mentoring, Terapia tradicional ou alternativa, período sabático, exercício de Assessment, curso de aprofundamento profissional ou até mesmo cursos completamente distintos do trabalho do dia a dia. Em suma, existem diversas maneiras de buscar este autoconhecimento. Não existe a melhor fórmula, e muito menos uma correta. Cada pessoa é diferente, mas é necessário fazer este primeiro esforço de buscar. Eu pessoalmente mudei o foco radicalmente após a saída do meio corporativo. No entanto, já vi casos em que a transição do profissional foi feita dentro de seu próprio campo de atuação, hoje prestando serviço inclusive aos antigos empregadores. Outros mudaram a forma de atuação, mas seguiram o mesmo campo de conhecimento, por exemplo, tornando-se professores ou coordenadores de cursos.

O segundo passo, sim, é fazer a sua planilha. Com ela é possível estabelecer prazos com maior objetividade. Quanto tempo precisa continuar trabalhando onde você está? Por quanto tempo sem entradas financeiras mais estáveis conseguirá manter o padrão mínimo que estabeleceu para você e sua família? Que tipos de ação você precisará tomar neste tempo de pouca ou nenhuma entrada? O que poderá fazer se demorar mais do que o esperado para entrar dinheiro no caixa? Como você vai fazer com o seguro-saúde?

Feito isto, vem o plano propriamente dito. Como você vai engajar sua família neste processo? Que mercados vai buscar? A vantagem de começar antecipadamente esta programação é que você terá melhores condições de programar o momento de sair da empresa, com espaço e tempo para negociar o fechamento deste ciclo. Concordo que estabelecer um timing exato talvez não seja uma proposta realista. Contudo, você terá a possibilidade de traçar um ambiente mais próximo do ideal em que a ação possa ser tomada, algo a que muitos se referem como o “alinhamento dos planetas”. Entram na avaliação questões de sucessão, pessoas chave em posições de comando e decisão, direitos já adquiridos de planos de saúde, previdência privada da empresa ou outros aspectos. Todos esses pontos você pode  especificar em seu plano a partir de consultas ao próprio RH da empresa, advogados, colegas que já saíram da empresa ou que já estejam trabalhando nesta questão.  Tendo este projeto em mãos, você poderá não só amenizar o medo da ruptura, mas conseguir vislumbrar o grande momento da sua virada, e até transformar gestores e decisores em seus aliados na empreitada.

Não ouso dizer que é algo simples, porém o melhor da história toda é saber que é possível. Seguir atrás de seus sonhos é uma luta que dura toda a vida. Como ser humano, enquanto estiver vivo, envelhecerá.  Você pode sofrer com o surgimento das rugas, com a fatídica ação da gravidade sobre todas as partes do corpo , com a incapacidade física de realizar movimentos ou usar de sentidos que perdem muito de sua força. Mas manter seus  olhos sempre brilhando e sua  mente produtiva, salvo questões genéticas ou acidentes de percurso, depende de seu próprio esforço. Culpar alguém, alguma situação ou mesmo a crueldade do mundo é mais rápido e reconfortante, mas só faz paralisar ou fugir. Em um universo em constante transformação equivale a andar para trás. E posso garantir: a opção por seguir em frente é bastante compensadora, lembrando sempre de estar atento às conexões que surgem na nova fase. Como ocorreu comigo ao trazer toda a minha experiência em liderança e gestão para minha atuação como consultor na Senses Aprendizagem.

Espero ter ajudado você a refletir sobre o tema. Aliás, pensando melhor, talvez eu devesse incluir um primeiro passo antes de tudo o que mencionei: a tomada de consciência. Um texto só não vai mudar sua vida ou fazer com que você crie seu método. Mas pode fazer você pensar. É esta ideia que gostaria de passar a você: entender que é preciso pensar no que fazer de sua vida e de seus sonhos, antes que terceiros tomem esta decisão por você. Métodos e profissionais podem ajudar. Mas só há uma pessoa neste mundo que é capaz de compreender seus sonhos e tem plenos poderes de fazê-lo caminhar em sua direção: Você!


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